A pesquisa “O Perfil das #MulheresQueInovamOAgro”, realizada pelo AgTech Garage, apresentou um raio-X inédito sobre a presença feminina no universo da inovação no agronegócio brasileiro.
Quase um terço está envolvida em projetos inovadores dentro das organizações onde trabalham.
Entre os principais destaques, as mulheres da inovação no agro têm alto nível de escolaridade (39,4% com pós-graduação), foco em inovação “dentro da porteira” (59%) e apontam o machismo como desafio (53%).
Dalana de Matos, líder da área de Learning & Experience do AgTech Garage e uma das idealizadoras da pesquisa, afirma que o levantamento foi lançado no contexto da campanha Mulheres Que Inovam O Agro para trazer reflexões sobre o papel da mulher na inovação do agronegócio.
“Aproveitamos essa data para colocar as mulheres da nossa comunidade em foco e, além da pesquisa, promovemos uma agenda de conteúdos e rodas de conversa com foco em como a mulher tem atuado no campo, na área de tecnologia e gestão para inovar o agronegócio”, diz.
Esses encontros também fazem parte de uma nova iniciativa da área de Learning & Experience, coordenada por Dalana, que promove o aprendizado consciente, contínuo e colaborativo no hub por meio de uma agenda de conteúdos semanais.
Mulheres da inovação
A pesquisa “O Perfil das #MulheresQueInovamOAgro” teve participação de 181 mulheres, por meio de um questionário online que ficou disponível entre os dias 30 de setembro e 21 de outubro. Destas, 59% trabalham com inovação dentro da porteira, 52% antes da porteira e 34,3% depois da porteira.
Ainda de acordo com a pesquisa, essas mulheres ocupam postos variados no ecossistema de inovação. Quase um terço está envolvida em projetos inovadores dentro das organizações onde trabalham (30%), sendo seguidas pelas mulheres que atuam com inovação em propriedades rurais (18,8%) e das que trabalham em startups (16%).
Outras 10,5% são líderes de movimentos de inovação em grandes empresas e 8,8% são pesquisadoras. Da fatia restante fazem parte as profissionais que trabalham em hubs de inovação no agronegócio e com mentoria na comunidade empreendedora.
Em termos de cargos, as mulheres ocupam posições predominantemente de liderança: 28,7% são gestoras em grandes empresas; 11% co-fundadoras de startups; 9,4% coordenadoras e outras 9,4% analistas. As produtoras rurais representam 12,2% da amostra; as pesquisadoras, 7,7%; e as estagiárias — protagonizando um movimento crescente de mulheres trabalhando com inovação no agro — somam 6,1% do total.
Em relação ao grau de escolaridade, a maioria das mulheres informou ser altamente qualificada, tendo alguma Pós-Graduação (39,8%), Mestrado (16%) ou Doutorado (9,4%). As que cursaram o Ensino Superior são 30,9%. As que têm apenas Ensino Fundamental são 9,4%.
“Um dado que chamou a nossa atenção é que 52% das CEOs e gestoras em empresas afirmam que ainda não têm filhos”, diz Dalana.
Da amostra geral, 41,4% das mulheres já são mães, de uma (16,6%), duas (21,5%) ou três crianças (3,3%). “Sabemos do desafio da dupla jornada das mulheres em todos os setores da Economia, e na inovação no agronegócio identificamos que a maioria das líderes ainda vai entrar na fase de conciliar essas tarefas ou escolheu não ter filhos”, afirma.
Desafios no horizonte
Na nuvem de palavras desenhada a partir da pesquisa, a palavra “desafio” foi a mais recorrente na hora de definir o que é ser uma mulher que inova o agro. Já em uma pergunta sobre quais são tais desafios, o machismo apareceu em primeiro lugar, sendo o principal ponto de atenção para 53% das respondentes.
Entre as mulheres abaixo de 35 anos, esse número sobe para 65%. A dificuldade de ser ouvida ficou em segundo lugar (45,9%) no cômputo geral. Em terceiro, aparece a falta de confiança das pessoas ao redor (45,3%).
Entre as habilidades consideradas essenciais para atuar com inovação no agronegócio, a mais votada foi a inteligência emocional (51,9%). Logo atrás ficou a capacidade de resolver problemas (47%) e a habilidade de negociação (33,1%).
Considerando as habilidades que as próprias mulheres acreditam ter, o ranking ficou assim: capacidade de resolver problemas (70,2%), conhecimento de gestão de equipes (37,6%) e habilidade de falar em público (33,7%).
Apenas 29,3% das mulheres entrevistadas se reconhecem como sendo inteligentes emocionalmente e 14,4% afirmam ser habilidosas na hora de fazer negociações.
“A pesquisa demonstrou que as mulheres que inovam o agro estão em todos os lugares, ocupando os mais altos cargos de liderança, com a mais alta capacitação, mas que ainda podem ser mais reconhecidas.
A campanha #MulheresQueInovamOAgro vem justamente com essa proposta, de conhecer o perfil da mulher que está fazendo a diferença no setor, entender quais das suas habilidades que podem ser potencializadas e unir forças para propagar a suas vozes”, diz Dalana.
Hoje, o principal apoio na jornada de inovação das mulheres do agronegócio vem de grupos formados por colegas de profissão (70%), das suas famílias (57%) e de amigos (35,9%). Os mentores homens (gestores, professores) aparecem em 31,5% dos casos e as mentoras (gestoras, professoras), em 13,3%.
Sobre a escolha por trabalhar com o agronegócio, 58% das mulheres afirmaram ter a ver com a influência da família, gosto pelo campo ou as disciplinas dos cursos no setor.
Enquanto isso, a decisão de trabalhar com inovação no agronegócio foi majoritariamente motivada por oportunidades dentro das organizações (46,4%). Uma vez trabalhando com inovação no setor, 76,2% das mulheres se sentiram acolhidas; 17,1% não souberam opinar e 6,6% consideram não ter tido o acolhimento esperado.
“Até hoje, ninguém ou quase ninguém começa a carreira profissional com foco em inovação. Mas, com esse fator se tornando essencial para as organizações se manterem relevantes frente à velocidade das mudanças do mundo, muitas oportunidades surgem e as mulheres têm protagonizado esse movimento. No time do AgTech Garage, já somos a maioria atuando na fronteira da inovação no agronegócio”, afirma Dalana.
Fonte: Agevolution/Canal Rural
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